19.11.05

O Louco

Sabem como fiquei louco?
Há muito tempo, muito antes de terem nascido os deuses, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas.
As sete máscaras que tinha fabricado meticulosamente tinham desaparecido.
Sem nenhuma máscara saí para a rua cheia de gente a gritar: Ladrões! Malditos ladrões!
Todos se riram de mim, mas alguns fugiram e fecharam-se em casa com medo.
Quando cheguei à praça principal uma criança que estava sobre o telhado de uma casa gritou: "Olhem é um louco!"
Voltei a cabeça para o ver e pela primeira vez o sol encontrou o meu rosto sem máscara.

O sol iluminou ao mesmo tempo o meu rosto e a minha alma.
A partir desse dia nunca mais usei máscaras, e agora agradeço todos os dias ao ladrão que me a roubou.

Agora que já sabem como me tornei num louco, posso confessar-lhes que encontrei muita liberdade e segurança na minha loucura.
A liberdade da solidão e a segurança de nunca ser compreendido (aqueles que nos compreendem fazem de nós escravo).
No entanto sei que não posso orgulhar-me desmasiado da minha segurança, pois nem o ladrão encarcerado está livre de encontrar outro ladrão.
Khalil Gibran in O Louco

1 Posfácios:

Blogger Mikas escreveu...

Também tens um espacinho e não dizias nada a ninguém? :(

Muito bem, que te posso eu dizer? Gostei e eu sou um pouco como o louco, não gosto de máscaras nem de quem as usa!

Gostei do texto!

ah... e gosto MUITO de ti!

Beijinhos =)*

19/11/05 16:42  

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