25.8.09

O presente que já passou


[...]
As informações que o nosso cérebro capta através dos cinco sentidos circulam a 300km/hora.
É a velocidade de condução das fibras sensoriais, a dos impulsos propagados no nosso corpo.
Li isto numa revista sobre saúde, quando esperava por Manfred num bar, em frente às pequenas instalações do C.I.C.V.
300 quilómetros/hora, parece rápido, mas...
Fiz os cálculos:
Se tivermos em conta que os nossos olhos estão a uma dezena de centímetros do cérebro, isso representa 0,0012 segundos. 12 dez mil avos de segundo. É muito pouco, mas significa que tudo o que percebemos pertence já ao passado (sem contar com o percurso da luz entre o objecto e a nossa vista). Tudo o que julgamos viver no presente já passou, 0,0100 ou 0,0150 segundos para uma sensação táctil. Será que é ali que Ela mora? Ali, no instante presente?
[...]
Cosey in Ela ou Dez Mil Pirilampos

10.8.09

Liberdade



Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

"... e façam o favor de ser felizes!"