... Não, não é.
A vida não é fácil.
Como se pode esperar que nos comportemos adequadamente, escolhamos as decisões correctas e demos as respostas certas, se nunca há tempo para ensaios e os dias se vão empurrando uns aos outros numa sucessão vertiginosa, sem um momento sequer para descanso da companhia?
Ainda por cima não nos é dado a ler o guião, ninguém sabe o que lhe está reservado, se ser coroado imperador ou nunca passar de segundo oficial de secretaria.
Chegar a nonagenário ou morrer numa queda de bicicleta logo a meio do primeiro acto.
Herdar uma fortuna de um parente desconhecido ameio do segundo acto ou ter de trabalhar arduamente até ao cair do pano.
Há quem não perceba sequer quando termina o seu papel e insista em ficar em cena muito depois de já não ter nada para dizer, esbarrando no cenário e atrapalhando os outros actores.
Que passos dar, se não há marcas no palco?
Onde devemos meter as mãos enquanto não chega a nossa deixa? Devemos cruzar os braços, assobiar para o lado ou fuma um cigarro?
E como ter a certeza de que chegou a nossa deixa?
Habitualmente não há respostas para estas perguntas e resta-nos improvisar: fingimos saber o que queremos e lá vamos, evitando tropeçar nos adereços e tentando aviar as réplicas num tom que pretendemos convincente, mas que resulta quase sempre presumido.
A vida não é fácil [...]
José Carlos Fernandes e Luís Henriques in A Metrópole Feérica (Terra Incógnita, volI)
1 Posfácios:
Finalmente encontro uma escrita... ou seja, uma obra de arte para meditar, adaptar, aos nossos egos, aos nossos egoísmos, aos nossos esquecimentos.
Se tentarmos pegar nas palavras sublinhadas na cor amarela, ligamos os mais importantes pontos daquilo que o texto, como mensagem, pretende transmitir.
Bjs. cá do burgo,
JM Ferreira
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