Meu amigo
Meu amigo não sou o que pareço. A aparência é apenas um fato que uso, um fato cuidadosamente feito à medida que me protege das tuas perguntas e a ti do meu desinteresse.
É que, tenho que o confessar, a minha alma vive no silêncio e ali ficará para sempre.
Não te quero levar a acreditar no que digo, nem a confiar no que faço, porque as minhas palavras não são mais que os teus pensamentos convertidos em som, e as minhas obras nada mais são que as tuas próprias esperanças transformadas em actos.
Quando dizes: ''O vento sopra de leste'', eu respondo: ''Sim, sopra sempre de leste''; sem me atrever a confessar que o meu espírito não se ocupa do vento mas do mar. (Tu não podes entender os meus pensamentos porque eles são filhos do mar e eu quero estar apenas com ele).
Meu amigo, quando para ti é dia para mim é noite.
Nem por isso deixo de te falar da luz do dia que faz crescer as árvores, nem da sombra cor de púrpura que avança pelos vales. Porque tu não podes ouvir o som da minha dor, nem ver as minhas asas lutando contra a estrelas.
Meu amigo, prefiro estar sozinho na noite, mesmo quando tu sobes ao teu paraíso e me chamas para ir contigo.
Tu amas a verdade, a beleza e a justiça, e eu para te agradar digo que estou de acordo contigo e acho bem que gostes dessas coisas todas, mas não entendo o teu amor por elas.
Meu amigo és bom, prudente e sensato. Mais ainda: és perfeito.
Eu procuro falar contigo com sensatez e cautela, mas... estou louco.
A verdade é que prefiro estar louco a estar contigo.
Como fazer-te compreender que o meu caminho não é o teu caminho, quando de mãos dadas caminhamos juntos?
É que, tenho que o confessar, a minha alma vive no silêncio e ali ficará para sempre.
Não te quero levar a acreditar no que digo, nem a confiar no que faço, porque as minhas palavras não são mais que os teus pensamentos convertidos em som, e as minhas obras nada mais são que as tuas próprias esperanças transformadas em actos.
Quando dizes: ''O vento sopra de leste'', eu respondo: ''Sim, sopra sempre de leste''; sem me atrever a confessar que o meu espírito não se ocupa do vento mas do mar. (Tu não podes entender os meus pensamentos porque eles são filhos do mar e eu quero estar apenas com ele).
Meu amigo, quando para ti é dia para mim é noite.
Nem por isso deixo de te falar da luz do dia que faz crescer as árvores, nem da sombra cor de púrpura que avança pelos vales. Porque tu não podes ouvir o som da minha dor, nem ver as minhas asas lutando contra a estrelas.
Meu amigo, prefiro estar sozinho na noite, mesmo quando tu sobes ao teu paraíso e me chamas para ir contigo.
Tu amas a verdade, a beleza e a justiça, e eu para te agradar digo que estou de acordo contigo e acho bem que gostes dessas coisas todas, mas não entendo o teu amor por elas.
Meu amigo és bom, prudente e sensato. Mais ainda: és perfeito.
Eu procuro falar contigo com sensatez e cautela, mas... estou louco.
A verdade é que prefiro estar louco a estar contigo.
Como fazer-te compreender que o meu caminho não é o teu caminho, quando de mãos dadas caminhamos juntos?
Khalil Gibran in O Louco