25.1.09

Cântico dos Cânticos 7, 2-10

(http://farm1.static.flickr.com/11/13486598_07fe0923bc_m.jpg)


Quão formosos são teus pés
nas sandálias, ó princesa!
As curvas dos teus quadris
parecem colares, obra de mãos de artista.
O teu umbigo é uma taça redonda.
Que não falte o vinho doce!
O teu ventre é monte de trigo,
todo cercado de lírios.
Os teus seios são dois filhotes
gémeos de uma gazela,
o teu pescoço, uma torre de marfim;
os teus olhos, as piscinas de Hesbon,
junto às portas de Bat-Rabim;
o teu nariz é como a torre do Líbano,
de vigia, voltada para Damasco.
A tua cabeça ergue-se como o Carmelo
e os teus cabelos são como púrpura;
trazem um rei cativo dos seus laços.
Como és bela, como és desejável,
meu amor, com tais delícias!
Esse teu porte é semelhante à palmeira,
os teus seios são os seus cachos.
Pensei: «Vou subir à palmeira,
vou colher dos seus frutos.»
Sejam os teus seios
como cachos de uvas,
e o hálito da tua boca, perfume de maçãs.
A tua boca bebe o melhor vinho!

3.1.09

Amante vs Bolsa


Porque se submetem os homens mais facilmente ao jugo das estrelas do que ao jugo da razão? Porque não há quem queira libertar-se do tremendo fardo de ter de fazer escolhas, das mais simples e comezinhas às mais complexas e ponderosas.
Tome-se um singelo exemplo. Como deverá proceder quem se veja confrontado com a alternativa de comprar um colar de pérolas para uma amante ou de investir essa mesma quantia em acções de uma respeitada firma petrolífera? Quem se reja pela razão passará em claro noites intermináveis, sopesando as vantagens e as desvantagens de uma e outra opção, consultando os registos históricos das cotações no mercado do crude, estrapolando o crescimento económico das potências asiáticas, ponderando a instabilidade no Médio Oriente, lutando por obter uma equivalência entre dividentos bolsistas e quantidade de prazer adicional facultado por uma amante satisfeita. Bem vistas as coisas, não irão os eventuais dividentos de uma e outra opção dissipar-se no tormento da escolha!
Quantos não sentiram vacilar a sanidade perante a estrénua prova de incessantemente escolher entre múltiplos caminhos?

José Carlos Fernandes in O que está escrito nas estrelas [Anos I & II]